Confesso que estou a me aproveitar do
tema proposto para falar de algo que me é muito caro e que venho elaborando,
ora espontânea ora intencionalmente ao longo dos anos. Trabalharei para
articular as nuvens de pensamentos já existentes e que se encontram em estado inconsciente
de quase organização, com o conceito de narcisismo. Por mais que pareça tolo vou
logo revelar aquilo que está prestes a ser linguisticamente apresentado para em
seguida fazer uma articulação com o corpo teorizante psicanalítico. Pretendo manejar
o conceito de narcisismo secundário para falar de uma aspiração: o sonho de uma
convivência amorosa ecológica equilibradamente distributiva entre humanos e
entre o ser humano e o universo. Para não parecer bobamente romântico remeto os
ouvintes ao livro “A Revolução do Amor” do filósofo Luc Ferry, 1ª edição em
francês em 2010 cujo último capítulo tem o título de “As revoluções da vida
política: nem a gloria da nação, nem a ideia revolucionaria, mas a preocupação
com o outro e as futuras gerações”. Mais recentemente escreveu o livro “Do Amor
– uma filosofia para o século XXI” no qual continua elaborando suas ideias. Este
filósofo defende a ideia de estarmos caminhando para um paradigma humanista que
não tem a ver com ideais humanitários, mas sim com os sentimentos de amor
individuais. Hoje não se morre pela pátria ou por um ideal de justiça ou de
igualdade, mas se sacrifica por amor a uma pessoa querida.
Minha intenção pois é
introduzir o amor individual nas concepções psicanalíticas. Vamos ver se ela é
realizável. Para isso vou me utilizar, à moda deleuziana, do pensamento de
Freud e Winnicott.
O
trabalho seminal de Freud sobre Narcisismo foi escrito em 1914 e antecedeu os
artigos que denominou de metapsicológicos. Seu título em português na Edição
Standard da Imago é “Sobre o Narcisismo: uma Introdução” e cabe bem na sua
declaração de que a “intenção da série [artigos sobre metapsicologia] era
proporcionar um fundamento teórico estável à psicanálise”. Embora não incluído
nos “Artigos sobre metapsicologia” de 1915 sem dúvida o “Sobre o Narcisismo” é
um artigo teórico fundamental assim como “Luto e Melancolia” também de 1915. Há
porém outras menções ao narcisismo feitas antes e depois de 1914, não trabalhadas
conceitualmente mas que examinadas retrospectivamente revelam indícios
precursores de uma psicanálise contemporânea.
Segundo
Freud, o bebê ao nascer não tem um ego unitário. Seu ego “não existe como unidade”
(Freud). As pulsões se apresentam dispersas, não integradas, distribuídas pelos
vários órgãos do corpo. É preciso que
haja uma “uma nova ação psíquica” (Freud) para que ocorra uma confluência da
libido, permitindo ao ego existir como unidade. Este ego agora unificado armazena
então a totalidade da libido. Estamos aqui na vigência de um narcisismo que é
batizado de primário por ainda não ter tido a vivência de uma realidade externa.
Em seguida parte da libido narcísica armazenada no ego investe os objetos
externos mantendo relações pseudópodas com eles. Se algo não vai bem, rompe-se
a relação com a externalidade e a libido investida nos objetos retorna ao ego. A
isso Freud chama de “narcisismo secundário”. O ego (1914) passa a ter um
excesso de libido. O que acontece então com esta libido excessiva? Três
possibilidades. Citação: “Ele pode ter desviado inteiramente o seu interesse
sexual dos seres humanos; contudo pode tê-lo sublimado num interesse mais
elevado pelo divino, pela natureza, ou pelo reino animal, sem que sua libido
tenha sofrido introversão até suas fantasias ou retorno ao seu ego” (p.97
de “Sobre o narcisismo”.). Esta frase permite-me visualizar um núcleo de ego
onde os objetos abandonados desaparecem tornando-se, por identificação
primária, parte da pessoa; e uma periferia onde os objetos conservam sua
identidade permitindo uma relação ego/objeto fantasiado. É um reforço do que
Freud já dizia nas primeiras páginas de “Sobre o Narcisismo” referindo-se à
psicose como “megalomania e desvios de seu interesse do mundo externo --- de
pessoas e coisas”(p.90) e à neurose como uma “desistência” de sua relação com a
realidade, mas que não “corta suas relações eróticas com as pessoas e as
coisas. Ainda as retém na fantasia, isto é, ele substitui, por um lado, os
objetos imaginários de sua memória por objetos reais, ou mistura os primeiros
com os segundos, e, por outro, renuncia à iniciação das atividades motoras para
a obtenção de seus objetivos relacionados àqueles objetos”. Um trecho deste
mesmo artigo (p.91/92) me fornece uma ‘cabeça de ponte’ para o meu propósito de
encontrar na psicanálise uma formulação que possibilite uma inclusão amorosa
dos seres humanos e da Natureza no psiquismo de cada indivíduo permitindo que
cada sujeito realize uma ecologia holística. Eis o trecho: “Assim formamos a
ideia de que há uma catexia original do ego, parte da qual é transmitida a
objetos, mas que fundamentalmente persiste e está relacionada a catexias
objetais assim como o corpo de uma ameba está relacionado com os pseudópodes
que produz”. Usando a alegoria de Freud pode-se dizer que se a ameba não
enviasse pseudópodes ao exterior ela permaneceria em estado de narcisismo
primário; em enviando pseudopedes ela entra em contato com o mundo e se mantém
em estado de narcisismo agora secundário. O que quero destacar é que não há
como separar o investimento do ego (narcisismo primário) do investimento
objetal que é um prolongamento do narcisismo original. E mais, para que a
pessoa permaneça sadia é indispensável que ela saia de sua casca autística e se
relacione com o mundo. É o que Freud nos diz: “Um egoísmo forte constitui uma
proteção contra o adoecer, mas, num último recurso, devemos começar a amar a
fim de não adoecermos, e estamos destinados a cair doentes se, em consequência
da frustração, formos incapazes de amar” (“Sobre o narcisismo”, p.101). É
preciso, portanto que amemos. Mas
pode-se falar do amor de muitas maneiras. Minha proposta terá seu ponto de
partida no amor individualizado de Luc Ferry e será o resultado de um estado de
porosidade que permite que os outros e o mundo passem a fazer parte de nós mesmos,
de tal maneira que não haja diferença entre cuidar do si mesmo primitivo (antes
do contato com o mundo) e o cuidar do si mesmo quando já se inclui o outro vivo
ou inanimado. Aqui torna-se necessário falar de equidade, seleção e prioridades
a serem levadas em consideração em uma avaliação ecológica de equilibração. Há situações
mais urgentes e menos urgentes. Há partes de si mesmo mais amadas ou mais
importantes que outras. Há situações de maior perigo ou de menor perigo para
partes de si mesmo. Tudo isso torna complexa a avaliação ecológica e humanista
e sua resultante comportamental. Mas a avaliação só acontece depois que uma
abertura porosa incluiu o diferente e o estranho no psiquismo do sujeito.
Há
pontos em comum entre esta concepção e concepção freudiana de narcisismo
secundário. Para Freud o narcisismo secundário é um retorno da libido objetal
para o ego. Minha concepção dá ênfase a um estado poroso que permite a entrada
do outro, do mundo, do diferente, do estranho em nosso psiquismo. Sendo mais minucioso.
Para Freud existe um narcisismo primário que é uma concentração no ego da
libido narcísica. Esta libido investe objetos do mundo externo. Em algum
momento os objetos externos provocarão uma frustração, uma decepção, um trauma
e então a libido retorna ao ego. Ao retornar carrega consigo uma sombra do
objeto. Esta libido retornante é chamada por Freud de narcisismo secundário.
Minha concepção, calcada no pensamento de Winnicott, ao mesmo tempo se
assemelha e se diferencia da de Freud. A ideia geral é de que se formos porosos
poderemos incluir o estranho, o diferente, o outro, o mundo externo em nosso
psiquismo favorecendo um narcisismo ecológico, humanista, equilibrado. Esta
inclusão até certo ponto se assemelha à concepção freudiana de narcisismo
secundário, caracterizada por um retorno ao ego da libido investida nos objetos
“que são assim num certo sentido levados para o nosso ego” (Freud “Sobre a
transitoriedade” Vol.14, p.347). Tanto na minha concepção quanto na de Freud o
externo é interiorizado passando a fazer parte do sujeito. Porém em Freud tanto
a assimilação do outro na zona do ego, na qual este outro desaparece passando a
fazer parte da personalidade, quanto a introversão para a zona de fantasia em
que não há total assimilação são considerados narcisismo secundário. Eu prefiro
chamar de narcisismo secundário apenas o retorno da libido para a zona de
fantasia, pois, nesse caso o outro continua individualizado; aquilo que foi
assimilado deixando de ser o outro e passando a ser um si-mesmo volta, na minha
concepção, à condição de narcisismo primário. Apesar das diferenças, as semelhanças
me levaram a considerar a possibilidade de lhes dar o mesmo nome. (Percebo que
é necessário fazer aqui uma interpolação para sustentar minha argumentação. Vou
então inserir um fragmento tirado do artigo “Sobre o narcisismo: uma
introdução” na esperança de melhor esclarecer as noções de narcisismo primário
e de narcisismo secundário que apresento. Frase de Freud: “Ele pode ter
desviado inteiramente o seu interesse sexual dos seres humanos; contudo pode
tê-lo sublimado num interesse mais elevado pelo divino, pela natureza, ou pelo
reino animal, sem que sua libido tenha sofrido introversão até suas
fantasias ou retorno ao seu ego” (p.97). Por esta frase vemos que Freud
admite a existência de uma zona egóica e de uma zona de fantasia. Na zona
egóica assimila-se o outro; na zona de fantasia o outro internalizado mantém
uma individualidade. Quando a libido retorna ao ego, o objeto desaparece, pois
se torna parte da pessoa. Quando a libido retorna à fantasia o objeto pode ser
alcançado pela consciência, pois sendo um objeto, é algo diferente de si mesmo.
O si mesmo, aquilo que foi incorporado ao ego, é muito mais difícil de ser
percebido do que o objeto da fantasia).
É claro que minhas ideias se sustentariam mesmo
não batizadas como narcisismo secundário. Mas, eu gostaria que elas tivessem um
lugar no corpo teórico psicanalítico e essa é uma oportunidade de tentar fazer
uma inclusão. Além disso, quanto mais associações forem feitas mais clara e
consistente será esta forma de interpretar a noção de narcisismo secundário.
Eu
contei a estória do narcisismo primário e secundário em Freud. Falta contar a
estória de meu narcisismo secundário. Ela esta calcada no espírito
winnicottiano, embora ---- deixarei logo explicitado --- Winnicott não use o
conceito de narcisismo secundário. Mas isto será visto mais adiante se houver
tempo. Vamos então à minha estória que será contada não em termos de indivíduos
isolados, mas em termos de relacionamentos. O bebê nasce poroso o que lhe
permite imediatamente fazer uma relação de fusão com a mãe. (Winnicott concede
chamar à relação de fusão mãe-bebê de narcisismo primário). A porosidade, embora
modificada, continua funcional na fase de dependência relativa, a não ser que
ações castradoras venham a obturar a porosidade. Em conservando a capacidade de
identificação porosa o sujeito poderá acolher o diferente e o estranho em seu
psiquismo tornando-os uma parte de seu eu e consequentemente tratando-os com interesse
narcísico (que posso chamar de amor). Esta é a minha concepção de narcisismo
secundário.
Parêntesis:
uma observação que se torna cada vez mais premente: não estou negando o ódio, a
agressividade, a destrutividade existentes nas relações humanas. Mas aqui não é
o lugar apropriado para estudá-los. Melhor voltarmos nossa atenção à sequência
do trabalho.
Tendo
examinado o meu conceito de narcisismo secundário à luz dos conceitos
freudianos, farei o mesmo tendo como guia o pensamento winnicottiano.
Para
mim foi surpreendente ter encontrado no livro “Winnicott e Kohut” de Carlos
Nemirovsky o seguinte trecho: “Winnicott siempre fue reacio a emplear el
concepto de narcisismo. Dice en 1966 que “...nunca me satisfizo el uso de la
palabra narcisista [...] pues el concepto íntegro de narcisismo excluye las
enormes diferencias resultantes de la actitud general y la conducta de la
madre” (p. 114). Traduzindo: Winnicott sempre foi renitente em relação a
empregar o conceito de narcisismo. Em 1966 ele disse que “...nunca me satisfez
o uso da palavra narcisista [...] pois o conceito íntegro de narcisismo exclui
as enormes diferenças resultantes da atitude geral e da conduta da mãe”. Vemos
aí a diferença entre o paradigma de um eu solitário e o paradigma relacional.
Como
a minha questão era dar vida e significado ao conceito de narcisismo secundário
eu o procurei na obra de Winnicott. A certa altura resolvi pedir a ajuda de meu
amigo Davy Bogomoletz. Por uma feliz coincidência ele está elaborando um
dicionário sobre conceitos psicanalíticos e com o auxilio de Maria de Fátima de
Amorim Junqueira encontrou na obra de Winnicott uma única citação de narcisismo
secundário no artigo “A capacidade de estar só” que se encontra no livro “O
ambiente e os processos de maturação”. Eis a citação: “Após raciocinar em
termos de relações tripessoais e bipessoais é natural se considerar um estagio
ainda anterior, em termos de relação unipessoal ou individual. O narcisismo seria
a relação unipessoal, individual, tanto na forma precoce de narcisismo
secundário como do próprio narcisismo primário. Sugiro que este salto da
relação diádica à relação individual não pode, de fato, ser feito sem violação
do muito que verificamos no nosso trabalho analítico e na observação direta de
mães e crianças” (p.32). Analisando cuidadosamente a citação achei-a algo
turva, uma obscuridade, em minha opinião, política, pois sua não utilização do
conceito de narcisismo secundário contrariaria o pensamento psicanalítico de
sua época. Ao falar da naturalidade do salto intelectual dado quando se pula da
díade mãe-bebê para um bebê sem mãe (contrariando sua convicção de que não se
pode falar de um bebê sem mãe, e, portanto, não se pode teorizar tendo como
base um sujeito isolado) --- creio que ele está se referindo a uma tendência
advinda de uma adesão a um paradigma causal que faz com que nos percamos no
automatismo dos encadeamentos conceituais macroscópicos sem ter condições de
perceber a possibilidade de uma observação mais apurada que o paradigma
holístico permite. Pensar psicanaliticamente em um bebê sem mãe pertence a um
paradigma cientificista, a uma episteme causal cartesiana que Winnicott está
abandonando em favor de um paradigma holístico.
Mas
se Winnicott não aceita o uso do conceito de narcisismo secundário teria eu
alguma possibilidade de vinculá-lo ao pensamento winnicottiano? Acredito que
sim e é o que vou tentar fazer. Começarei dizendo que Winnicott para usar o
conceito de narcisismo primário de Freud teve de inserir nele um vírus
holístico: a relação mãe-bebê. Enquanto Freud fala de um narcisismo primário
solipsista ---- visto da perspectiva do indivíduo isolado em um sistema fechado
---- Winnicott fala de um bebê aberto ao psiquessoma da mãe e por ela sustentado.
É um bebê cuja porosidade lhe permite fazer uma relação de fusão com a mãe. POROSIDADE.
Esta é a palavra-virus. Assim como Winnicott se valeu da palavra-vírus MÃE para
enriquecer o conceito de narcisismo primário freudiano usarei a palavra-vírus
POROSIDADE para incluir a expressão narcisismo secundário que Winnicott não
usa, na psicanálise de inspiração winnicottiana. A ideia geral é a seguinte: o
recém-nascido tem uma porosidade própria da fase de dependência absoluta que se
passa no estado de narcisismo primário. Isto significa que o bebê não tem
consciência do não-eu. Sua porosidade lhe serve para uma relação íntima com a
mãe que é vivida como parte dele. Vou trazer duas citações de Winnicott sobre
narcisismo primário para então falar do narcisismo secundário. Citando
Winnicott: “Nos estágios mais iniciais, encontramos uma total fusão do
indivíduo ao seu ambiente, descrita pela expressão narcisismo primário”
(Natureza Humana, p. 177)... “Anteriormente a tudo isto há o estagio do narcisismo primário, o estado no qual
percebemos como sendo o ambiente do bebê e o que percebemos como sendo o bebê
constituem, de fato, uma unidade. Aqui pode ser utilizada a desajeitada
expressão ‘conjunto ambiente-indivíduo’. O ambiente, tal como o conhecemos, não
precisa ser mencionado, porque o individuo não tem meios de percebê-lo, e na
verdade o indivíduo não se encontra ali, ainda não está separado do aspecto
ambiental da unidade total” (Idem, p.178/9).
O
bebê da fase de fusão, exercendo uma porosidade própria da dependência
absoluta, não se distingue do ambiente (a mãe é parte fundamental do ambiente).
Quando a mãe começa a falhar, introduzindo a fase de dependência relativa, o
bebê sente ameaçada sua continuidade de existência. Ele se depara com o abismo da
desintegração e dela se defende dando um passo em direção à maturidade através
da criação do objeto transicional (símbolo de 1º grau) e do desenvolvimento da
mente, isto é, do intelecto. Evidentemente, com este passo adiante muda o tipo
de porosidade, pois ele agora está lidando com situações frustradoras externas
que afetam sua experiência de onipotência, e fazem aparecer as dualidades amor/ódio
e eu----não-eu. A consciência do mundo externo faz com que ao narcisismo se
acrescente um narcisismo secundário. Sua porosidade torna-se seletiva
internalizando o bom objeto sintônico ao self e rejeitando o mau diferente
agressivo. Será necessário um tempo de maturação, com passagem pelo concern,
para que ele possa se utilizar da bondade e do amor vividos com a mãe abrindo-se
ao diferente agressivo e aceitando-o como parte de si mesmo.
No
narcisismo primário não há escolha. Sua porosidade é absoluta e não lhe é
possível rejeitar os aspectos tóxicos de um ambiente, mesmo porque não tendo
consciência do ambiente, este é parte dele. Já no narcisismo secundário existe
a percepção do mundo externo, da diferenciação eu-outro e uma possibilidade
seletiva que poderá ir se alargando, acompanhando o amadurecimento individual.
Poderemos então pensar em um tempo utópico em que todos os seres seriam
internalizados e tratados com amor narcísico. Daí o título de narcisismo
secundário inclusivo. Penso em uma equilibração ecológica/humanista/holística
da qual já falei quando na parte freudiana deste artigo. O conceito de
narcisismo secundário nos ajudaria a compreender os acontecimentos e a
teorizá-los tendo em mente a ideia de uma
internalização abrangente sem desaparecimento de identidade dos seres internalizados.
Junho/2014
Nahman
Armony